“O Jornalismo é uma profissão de pessoas inquietas, não admite acomodação”

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Carlos Monforte

Carlos Monforte começou a trabalhar como repórter na TV Globo de São Paulo em 1978. Foi editor de política do Jornal da Globo, editor e apresentador do Bom Dia São Paulo e o primeiro editor-chefe e apresentador do Bom Dia Brasil. Como repórter especial em Brasília, fez entrevistas importantes para o Jornal Nacional, Jornal da Globo e Jornal Hoje. No final de 2000, assumiu o cargo de coordenador e apresentador da GloboNews em Brasília. 

Quais recordações guarda da UniSantos?

Carlos Monforte – São muitas as recordações. Todas boas. O primeiro contato com o ambiente universitário; a maneira diferente de aprender; a imersão num mundo novo; o primeiro contato com um jornal; a passagem da adolescência; o namoro que depois virou casamento (que dura 36 anos, agora em 2010). Como não podem ser boas as recordações?

Conte um pouco de sua trajetória até se fixar em Brasília?

Entrei em A Tribuna de Santos logo no primeiro ano da Faculdade. Fui aprender a ser repórter na sucursal do jornal em São Vicente, depois em Cubatão, ganhei um Prêmio Esso Regional. A seguir, a viagem para um curso de aperfeiçoamento na Espanha, a mudança para São Paulo (para O Estado de S. Paulo), outro curso de especialização (agora na França), a ida para TV Globo, em 1978. Depois de quatro anos, a proposta para a mudança para Brasília, para inaugurar o primeiro telejornal da manhã, a nível nacional: o Bom Dia Brasil (eu já tinha sido editor-chefe e apresentador do Bom Dia São Paulo). Estou em Brasília desde 1983 e, agora, coordeno a Globo News, televisão a cabo da Globo. Apresento o Jornal das Dez, principal noticiário do canal.

Como analisa a cobertura política, na atualidade?

Com a volta da Democracia e o mercado competitivo, o Jornalismo se apresenta mais aberto e com possibilidade de ir mais fundo nos assuntos. Isso em todos os ramos, todos os segmentos. Na Política, uma parte nervosa do Jornalismo, a especialização é enorme e a cobertura é abrangente, tanto na parte noticiosa, como da análise, do comentário. Assim, está sendo possível abrir caixas pretas, ir fundo em investigações, que chegam a um mar de corrupção, impossível de se atingir em regimes autoritários. A Democracia abre esta oportunidade. E a necessidade e a vontade de tornar a paisagem política mais transparente levam a um resultado mais esclarecedor e nítido do que vivemos no país. Só uma imprensa livre e independente permite isso.

O que o estudante de Jornalismo precisa ter de diferencial para ingressar na cobertura política?

Primeiro, gostar do assunto. Depois, ler muita História do Brasil, e estar a par de todos os acontecimentos do cotidiano político. Mas fazer a relação de causa e efeito, saber porque as coisas acontecem de uma forma e não de outra, é fundamental. Um pouco de teoria política também é interessante; mas a prática é indispensável.

Na sua opinião, qual o maior dilema que hoje os jornalistas enfrentam, diante desse mundo globalizado, onde a informação circula com tanta velocidade e tantas fontes?

O Jornalismo é uma profissão de pessoas inquietas, não admite acomodação. É preciso estar por dentro das notícias, mas nesse mundo em que a cada dia surge uma novidade tecnológica, é mais que necessário estar a par de todas as novas plataformas de comunicação: saber trabalhar com a Internet? twiter, blogs ? aí estão as informações. Isso não chega a ser um dilema: faz parte do processo, da própria característica da profissão. Não dá pra vacilar.

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